Poemas de Sylvia Beirute

Sylvia Beirute é natural de Faro, Portugal e nasceu no dia 10 de Dezembro de 1984. Escreve poesia por obsessão e diz-se a favor do Acordo Ortográfico na versão de 1945. Escreve no blog Uma Casa em Beirute e é admiradora do Ofício Literário.  Esta é nossa homenagem a esta poetiza portuguesa.

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Eu lírico

Iniciamos com um soneto de Manuel Bocage:

Soneto XXVI

Importuna Razão, não me persigas;
Cesse a ríspida voz que em vão murmura;
Se a lei de Amor, se a força da ternura
Nem domas, nem contrastas, nem mitigas:

Se acusas os mortais, e os não abrigas,
Se ( conhecendo o mal ) não dás a cura,
Deixa-me apreciar minha loucura,
Importuna Razão, não me persigas.

É teu fim, teu projecto encher de pejo
Esta alma, frágil vítima daquela
Que, injusta e vária, noutros laços vejo:

Queres que fuja de Marília bela,
Que a maldiga, a desdenhe; e o meu desejo
É carpir, delirar, morrer por ela.

Ao lermos este soneto, inicialmente podemos pensar que o poeta está apaixonado. Mas, isto não é necessariamente verdade. Bocage poderia ter escrito esta poesia durante uma manhã tediosa, na qual pensou que a contradição entre razão e amor daria um belo poema.

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A Pausa na Poesia

A pausa é o silêncio entre versos ou elementos dos versos. Essencialmente, todo verso pode ser considerado como uma seqüência harmônica de sílabas e pausas. A pausa é parte das estruturas rítmicas e melódicas da composição poética, pois assinala o fim de um período rítmico, e permite o seu reinício no próximo verso.

Cada verso, considerado como um todo, é posicionado entre duas Pausas Delimitadoras ou Externas: a do verso anterior e a sua própria pausa. Excetua-se desta regra o primeiro (cujo limite é o completo silêncio anterior a ele e a pausa ao seu final) e o último verso do poema (cujos limites são a pausa do verso anterior e o silêncio completo que lhe segue). A duração da pausa varia conforme a extensão do verso, podendo até mesmo, dado o processo de encadeamento, deixar existir pausa entre versos. Continuar lendo

Trova

A trova é uma composição poética de quatro versos de sete sílabas poéticas, que tem geralmente Rimas Cruzadas (ou pelo menos uma rima entre o segundo e o quarto verso). Encontra-se, em trovas mais antigas, Rimas Interpoladas e Emparelhadas, apesar de serem pouco usadas atualmente. Começa-se a trovar sempre com letra maiúscula. A partir do segundo verso usa-se letra minúscula, a menos que a pontuação indique o início de nova frase. Além disto, a Trova dever ter um sentido completo e independente. O autor da Trova deve colocar nos quatro versos toda a sua idéia. Aí que a Trova se diferencia dos versos da Literatura de Cordel, onde em quadra ou sextilhas, o autor conta uma história que no final soma mais de cem versos. A Trova possui apenas quatro versos. Adelmar Tavares já dizia que “Nem sempre com quatro versos setissílabos, a gente consegue fazer a trova; faz quatro versos, somente”.
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